Em defesa de São Paulo; pela Confederação
Ser paulista! é ser grande no passado!
E ainda maior nas glórias do presente!
É ser a imagem do Brasil sonhado,
E, ao mesmo tempo, do Brasil nascente!
Ser paulista! é morrer sacrificado
Por nossa terra e pela nossa gente!
É ter dó das fraquezas do soldado;
Tendo horror à filáucia do tenente!
Ser paulista! é rezar pelo Evangelho;
De Rui Barbosa – o sacrossanto velho;
Civilista imortal de nossa fé!
Ser paulista! Em brasão e em pergaminho;
É ser traído e pelejar sozinho!
É ser vencido, mas cair de pé!
Bandeira da minha terra,
Bandeira das treze listas:
São treze lanças de guerra
Cercando o chão dos paulistas!
Prece alternada, responso
Entre a cor branca e a cor preta:
Velas de Martim Afonso,
Sotaina do Padre Anchieta!
Bandeira de Bandeirantes,
Branca e rôta de tal sorte,
Que entre os rasgões tremulantes,
Mostrou as sombras da morte.
Riscos negros sobre a prata:
São como o rastro sombrio,
Que na água deixara a chata
Das Monções subido o rio.
Página branca-pautada
Por Deus numa hora suprema,
Para que, um dia, uma espada
Sobre ela escrevesse um poema:
Poema do nosso orgulho
(Eu vibro quando me lembro)
Que vai de nove de julho
A vinte e oito de setembro!
Mapa da pátria guerreira
Traçado pela vitoria:
Cada lista é uma trincheira;
Cada trincheira é uma glória!
Tiras retas, firmes: quando
O inimigo surge à frente,
São barras de aço guardando
Nossa terra e nossa gente.
São os dois rápidos brilhos
Do trem de ferro que passa:
Faixa negra dos seus trilhos
Faixa branca da fumaça.
Fuligem das oficinas;
Cal que das cidades empoa;
Fumo negro das usinas
Estirado na garoa!
Linhas que avançam; há nelas,
Correndo num mesmo fito,
O impulso das paralelas
Que procuram o infinito.
Desfile de operários;
É o cafezal alinhado;
São filas de voluntários;
São sulcos do nosso arado!
Bandeira que é o nosso espelho!
Bandeira que é a nossa pista!
Que traz, no topo vemelho,
O Coração do Paulista!
Salve os heróis de "32"
das falanges paulistas
que ao vosso lábaro das treze listas
deste o sangue, a vida, o amor!
Bravos soldados, titãs gigantes,
honrastes nossa História;
vosso São Paulo cobristes de glória,
que netos sois de Bandeirantes.
Salve, M.M.D.C!
Por nós tombastes, pelo direito,
A glória Deus vos dê,
por nosso sangue derramado,
no céu láurea de heróis.
Por vós São Paulo é glorificado.
Valentes, salve os Paulistas
dos batalhões constitucionalistas!
Salve os gloriosos, os batalhões
dos jovens estudantes
do "Borba Gato", salve os esquadrões
e o "Nove de Julho", também;
glória ao "Catorze" e às heroínas,
valentes enfermeiras
Salve os heróis de São Paulo, o pioneiro,
que amado a paz foi bom guerreiro!
Salve, M.M.D.C!
Por nós tombastes, pelo direito,
A glória Deus vos dê,
por nosso sangue derramado,
no céu láurea de heróis.
Por vós São Paulo é glorificado.
Valentes, salve os Paulistas
dos batalhões constitucionalistas!
Aos imortais, aos que lutaram
nos campos de batalha,
que por São Paulo o sangue derramaram
sem temer sibilar metralha,
a vós entoamos imorredouro
este hino de amor,
vosso valor paulista, o peito forte,
herói soldado até na morte.
Salve, M.M.D.C!
Por nós tombastes, pelo direito,
A glória Deus vos dê,
por nosso sangue derramado,
no céu láurea de heróis.
Por vós São Paulo é glorificado.
Valentes, salve os Paulistas
dos batalhões constitucionalistas!
Foi aqui neste solo fecundo,
que o primeiro dos gritos soou:
"Ou dareis liberdade a esta terra
de progresso, de força e labor,
ou vereis nos perigos da guerra
este povo provar seu valor!"
Hoje, enfim, te levantas gigante,
empunhando a metralha e o fuzil,
e arrebentas a algema infamante,
que, ainda ontem, prendia o Brasil.
Com teu sangue, fantástico atleta
de pujança e de garbo viril,
Escreveste na folha da História:
É SÃO PAULO QUEM GUARDA O BRASIL!
Marca o passo, soldado! Não vês
Que esta terra foi ele que fez?
Que o teu passo é o compasso seguro
De um presente, um passado e um futuro?
Marcha, Soldado Paulista,
marca o teu passo na História!
Deixa na terra uma pista,
Deixa um rastilho de glória!
Vê, Soldado, que grande que tu és!
Tua terra se atira a seus pés,
e estremece de orgulho, e ergue os braços:
ergue os braços de poeira a teus passos!
Marcha, Soldado Paulista,
marca o teu passo na História!
Deixa na terra uma pista,
Deixa um rastilho de glória!
Moeda Paulista, feita só de alianças,
feita do anel com que Nosso Senhor
uniu na terra duas esperanças:
feita dos elos imortais do amor!
Quanto vale essa moeda? — Vale tudo!
Seu ouro eternizava um grande ideal:
e ela traduz o sacrifício mudo
daquela eternidade de metal.
Ela, que vem na mão dos que se amaram,
Vale esse instante, que não teve fim,
em que dois sonhos juntos se ajoelharam,
quando a felicidade disse :"SIM".
Vale o que vale a união de duas vidas,
que riram e choraram a uma só voz
e, simbolicamente desunidas,
vão rolar desgraçadamente sós.
Vale a grande renúncia derradeira
das mãos que acariciaram maternais,
o menino que vai para a trincheira,
e que talvez... talvez não volte mais...
Vale mais do que o ouro maciço:
vale a glória de amar, sorrir, chorar,
lutar, morrer e vencer... Vale tudo isso
que moeda alguma poderá comprar!
Ser Paulista! É ser grande no passado!
E ainda maior nas glórias do Presente!
É ser a imagem do Brasil sonhado, e,
ao mesmo tempo, do Brasil nascente!